
A penúltima partida do campeonato citadino de Porto Alegre de 1952 tinha ares de decisão para as equipes do G. E. Renner e do S. C. Internacional. Apenas um ponto separava os times na tabela de classificação. A vantagem era do esquadrão colorado, que poderia conquistar o campeonato caso vencesse o time dos industriários naquela tarde de 30 de novembro. Ao time rennista cabia buscar a vitória para chegar à última rodada da competição dependendo só de si para se sagrar campeão citadino daquele ano.
Como esperado, o confronto foi absolutamente equilibrado no primeiro tempo de jogo. Com o placar empatado em 1 gol para cada lado, os times voltaram do intervalo dispostos a marcar o gol que poderia minimizar ou acabar com as chances do time adversário de ser campeão da cidade.
Jogando em casa, com a torcida ao seu favor, o time colorado pressionou até Jerônimo marcar e incendiar os torcedores presentes no estádio. A festa da torcida e dos jogadores colorados foi tanta que a bandeirinha levantada do árbitro assistente passou desapercebida naquele momento. Foi aí que o árbitro auxiliar, talvez contagiado por tamanha comemoração colorada, baixou a bandeira com a velocidade de um piscar de olhos e correu em disparada para o centro do gramado. Ivo Andrade, o capitão dos industriários, ao reparar tal cena, se indignou, entrou em estado de fúria e só sossegou quando convenceu o árbitro a conversar com seu assistente.
Após longos segundos de um silencio ensurdecedor no Estádio dos Eucaliptos, o juiz do confronto, Oswaldo Rolla, foi convencido de que o jogador colorado estava em posição ilegal. O impedimento assinalado colocou a equipe do Renner de volta na disputa pelo título. O time dos industriários estava vivo, o empate em 1 a 1 levava decisão do campeonato para a última rodada da competição.
Ivo Andrade, o meia rennista, ficou lembrado como o protagonista do jogo. Foi um capitão exemplar.
