
O fascínio que o Grêmio Esportivo Renner causava nos moradores do 4º distrito de Porto Alegre também estava entrelaçado com a autoridade que a equipe impunha quando jogava no Estádio Tiradentes. Nesses momentos, o domínio estabelecido pelo time dos industriários sobre seus adversários era tanto que o Estádio passou a ser conhecido como Waterloo. Tal apelido era alusivo à batalha que decretou a derrota do exército comandado pelo Imperador Napoleão Bonaparte na Guerra dos Cem Dias. A mensagem era clara: até mesmo os (supostamente) invencíveis poderiam ser derrotados no campo rennista.
A grandeza do Estádio Tiradentes, no entanto, foi diminuindo com o decorrer dos anos. Primeiro, o majestoso Estádio perdeu área para abertura da Avenida Farrapos (1940) e, posteriormente, para o alargamento das Avenidas Presidente Roosevelt (1941) e Sertório (1957).
Para minimizar o esmagamento geográfico do Waterloo, foi agendada uma reunião com o então Prefeito de Porto Alegre, Dr. Leonel Brizola, para o dia 23 de julho de 1957. Nesse encontro estavam presentes o Presidente rennista Mário Azevedo, o Presidente do conselho do clube Antônio Macchi e o vereador Dilvo Araújo. A pauta era a definição de um novo local para o Estádio Tiradentes.
Dias após o concílio, o Engenheiro Daniel Ribeiro, Secretário de Obras e Viação de Porto Alegre, reuniu a imprensa em seu gabinete e declarou assim: “Fui incumbido pelo Prefeito, Dr. Leonel Brizola, de estudar os locais no arrabalde do 4º Distrito e de propriedade do município a fim de, em um deles, ser construído o novo Estádio do G. E. Renner. Existem duas áreas em estudo, sendo que, uma delas, a da Ilha do Pavão, parece ser a ideal para o estádio, por ser próxima da ponte do Guaíba e, portanto, com fácil acesso”.
A ideia de construir um novo Estádio, em um local absolutamente encantador, era majestosa. Os corações rennistas passaram a bater acelerados. Mal sabiam o que estava por vir…
