
O último jogo de 1949 marcou a despedida de Gradim como treinador do Renner. Atuando em casa, o time dos industriários recebeu em seu estádio a extraordinária equipe montada pelo Club de Regatas Vasco da Gama. As credenciais impostas ao “Expresso da Vitória” eram as melhores: recém campeão invicto do campeonato carioca, com 18 vitórias, dois empates, a incrível marca de 84 gols pró e um futebol esplendoroso e sem precedentes em terras tupiniquins. Era uma máquina que provocava alvoroço por onde passava. Afinal, além de não dar chances aos seus adversários, o esquadrão cruz maltino era nada-mais-nada-menos do que a base da seleção brasileira de futebol, aquela mesma que foi vice-campeã da Copa do Mundo de 1950.
O Tiradentes, naturalmente, estava superlotado para prestigiar o embate. O time do 4º distrito vinha em franca ascensão, alcançando resultados memoráveis. Do outro lado do campo se alinhava um time fantástico, considerado imbatível pros lados do Rio de Janeiro. O goleiro Barbosa, o lateral Ely, o centro-médio Danilo, assim como os atacantes Alfredo, Maneca, Chico e Ademir de Menezes, eram verdadeiros craques, que faziam por merecer suas convocações para a Copa do Mundo do ano seguinte. Além disso, esses jogadores, em conjunto com a comissão técnica do time carioca, capitaneada pelo treinador Flávio Costa e pelo massagista Mário Américo, formavam aquela que era considerada a melhor delegação do País.
O embate realizado em uma aguardada tarde de domingo foi marcado pelo equilíbrio. Os jogadores rennistas mostraram valentia, não se curvaram ao esquadrão cruz maltino e protagonizaram um jogo fabuloso. Medina provocou polvorosa na torcida ao abrir o placar para o Renner no início do primeiro tempo, mas Maneca esfriou um pouco os ânimos ao igualar o marcador para o Vasco ainda aos 26’ do período inicial. Para completar a emoção em campo, o goleiro Barbosa fez um verdadeiro milagre ao defender em dois tempos, no último minuto da partida, os chutes dos rennistas Medina e Guido. A vitória não veio para o time gaúcho, mas o 1 a 1 foi suficiente para entrar na história.