Num domingo à tarde de 1956, um pequeno público compareceu ao Estádio em Novo Hamburgo, para assistir pelo Campeonato Metropolitano, Floriano x Renner.
O Floriano não queria jogar a partida, argumentando que o estado do gramado com a chuva incessante durante a preliminar de aspirantes, tinha deixado o estado do gramado num enorme lamaçal.
“Se o Juiz der condições de jogo, jogamos “, disse o presidente Mario Azevedo do Renner.
E o Juiz deu condições.
O Renner venceu por 3 x 0, gols de Juarez, Paulistinha e Joeci, mostrando que estava decididamente no rumo da conquista de outro Campeonato.
Este jogo entrou para história do futebol Gaúcho e Brasileiro, graças a um acontecimento até então inusitado para os poucos presentes e para todos os que acompanhavam a trajetória dos craques do futebol,
Aos 6 minutos iniciais, o zagueiro Larré do Floriano cometeu pênalti em Juarez.
Ênio Andrade, era o batedor de pênaltis e faltas perto da área. O craque camisa 10 Rennista era destro, entretanto batia com as duas, dependendo do local onde a falta fosse marcada.
As cobranças eram perfeitas.
Era gol, ou uma defesa espetacular do goleiro.
O “GÊnio Andrade” colocava a bola onde queria.
No pênalti marcado naquele início de partida, Ênio Andrade como sempre repetiu sua preparação para a batida.
Colocou a bola na marca do pênalti, deu dois passos para trás, se virou de lado quase de costas para a meta, esperou a autorização do juiz para bater. Como sempre pensava em colocar a bola em um dos cantos, meia altura, beijando as redes laterais.
Autorizado, Ênio se vira dá dois passos caminhando e o seu pé de apoio resvala no gramado barrento. Bate fraco desequilibrado colocando a bola fora a esquerda do arco de Stork.
Naquele dia chuvoso de 21 de outubro de 1956 o genial Ênio Andrade, nunca imaginaria que estava desperdiçando o seu único pênalti em toda a sua longa e brilhante carreira como jogador.


Na imagem, Valdir e Orlando disputam com Pedro Arão. Ênio e Raul observam.